A MANGUARA DO VIANDANTE
Marcos Paulo de Souza Miranda
O
título deste post talvez soe estranho a
muitos, pois “manguara” e “viandante” são palavras pouco utilizadas atualmente, e
podem suscitar associações maliciosas descabidas.
Mas
falamos de expressões que eram muito comuns nos séculos XVIII e XIX, quando o
trânsito de pessoas pelos antigos caminhos reais era cotidiano e perigoso.
Expliquemo-nos.
Viandante
é sinônimo de andador, andarilho, caminhante, caminheiro, ou seja, aquele que
anda a pé, palavra que aparece no Diccionario da Lingua Portugueza, de Morais e
Silva, publicado em Lisboa em 1799.
Manguara,
por sua vez, nada mais é do que uma vara grande, mais grossa na extremidade
inferior, própria para caminhar em terreno difícil ou escorregadio. Ou seja, porrete ou cajado.
O mineiro,
de Campanha, Francisco de Paula Ferreira de Rezende (1832-1893), em seu livro “Minhas
Recordações”, ao tratar do vestuário dos homens de seus tempos de rapaz
registra o uso de “chapéu de palha de abas mais ou menos largas e uma mangoara na mão, de
que se tinha sempre um grande sortimento encostado a um canto da sala de
entrada; mangoara essa que servia a quem a levava, além do mais, primeiro para
matar cobras; segundo para ajuda-lo a caminhar ou a dar algum pulo; e terceiro
finalmente para defende-lo contra tudo e contra todos”.
Dessa
forma, se você se deparar com algum viandante com a manguara na mão pelo
Caminho do Comércio, não se assuste.
É apenas a
manutenção de uma velha tradição
Giacomo Ceruti. Ritratto di viandante. Seconda metà
del XVIII secolo
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